Carnaval, praia, piscina, bloquinhos. São ocasiões normalmente regadas a cerveja. Talvez porque ela esteja ligada à cultura do povo brasileiro, que bebe em média apenas três garrafas de vinho por ano.

Até pouco tempo atrás, vinho no Brasil era sinônimo de uma bebida sofisticada, que requer taças específicas, saca-rolhas perfeitos, harmonizações com pratos, ocasiões especiais. Mas esse conceito tem mudado: muita gente com intenção de simplificar e descomplicar o vinho, novos bares com outra pegada, vinhos menos posudos chegando ao nosso país.

 

Hoje no Brasil os maiores consumidores de vinho tem em média 35 anos. E, claro, não são só homens: as mulheres se tornaram um mercado importante para o fermentado de uva. Elas querem beber, se divertir. No todo, é um público que tem interesse no vinho, sem pompa ou frescura. A Austrália e os Estados Unidos foram os primeiros países a abraçar este comportamento e por lá, fabricantes lançaram vinhos em lata como alternativa para praia, piscina, cinema e baladas.

Em 2004, a americana Francis Ford Coppola Winery lançou um espumante enlatado, o “Sofia, Blanc des Blancs”, feito com a uva chardonnay. Há cinco anos, dois jovens americanos criaram um rosé em lata, o Babe, para embalar as festas de verão nos Hamptons, praia hype, destino de nova iorquinos nas férias. A marca foi recentemente comprada pela gigante cervejaria Anheuser-Busch Inbev, que fabrica entre outras a Budweiser.

As latas de vinhos começaram a chegar por aqui. A marca australiana Barokes Wines foi a primeira a desembarcar. Atentos à tendência, jovens emprendedores brasileiros começaram a fazer vinhos enlatados também por aqui. A primeira marca, carioca, lançada em janeiro de 2019, é a Vivant, que faz três tipos: branco (da uva chardonnay), rosé ( syrah com pinot noir) e tinto (cabernet sauvignon com merlot), que já podem ser encontrados em mais de cem pontos de venda espalhados pelo Brasil. Os vinhos são produzidos pela Quinta Don Bonifácio, em Caxias do Sul.

“Os vinhos em lata tem ótima procura pelo pessoal jovem que vai ao cinema e praça de alimentação do shopping” conta Jessica Marinzeck, dona de um quiosque de vinhos, JM Wines, no Shopping Cidade São Paulo. De fato, pela praticidade, eles viram opção para lugares onde taças e abridores e garrafas se tornam inconvenientes.

Outra marca “made in Brazil” é a Bliss, das amigas gaúchas Priscila Simon e Raquel Scherer, que estreou no mercado há menos de um ano com duas opções: branco e rosé. “Decidimos criar a Bliss após uma viagem que fizemos à Califórnia. Lá percebemos um forte consumo e as geladeiras de supermercados continham duas vezes mais marcas de vinhos em lata que cerveja”, explica Priscila.

O comentarista esportivo Galvão Bueno, proprietário de uma vinícola no sul do país e de uma na Toscana, acaba de colocar no mercado uma linha de latinhas, a Let’s Wine. E o tricampeão brasileiro do Concurso Brasileiro de Sommeliers, Diego Arrebola, prepara-se para estrear como consultor de uma marca, mantida em segredo, como dos vinhos que vão ser enlatados.

Os vinhos em lata não tem a pretensão de competir com os vinhos em garrafa. São mais simples, frescos, para serem bebidos gelados e com uma vantagem a mais: tem graduação alcoólica mais baixa que a maioria dos vinhos tradicionais, engarrafados. Não fazem feio, tanto que Eric Asimov, crítico de vinhos do New York Times, elogiou em sua coluna um feito na Itália.

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