Tipo de uva, região, nome, safra, é realmente muita informação e o processo de memorização é lento. O que fazer quando se está diante de uma prateleira repleta de garrafas, de um catálogo de importadora ou da carta de vinhos de um restaurante? Além de um conselho desinteressado, é necessário uma dose de sorte para achar um bom vinho.

É complicado exercer uma escolha segura diante da profusão de rótulos no mercado.

Com os smartphones ficou mais fácil guardar esses dados e diminuiu bastante a chance de errar. Há hoje uma série de aplicativos que permitem saber as características do vinho, se ele se ajusta ao momento e à comida e ainda conferir o que outros usuários acharam dele.

É o caso do Vivino, o app mais usado no mundo, que ultrapassa 29 milhões de usuários, segundo a empresa, dos quais mais de dois milhões de brasileiros, a segunda maior comunidade, atrás dos americanos. Sua aceitação tem a ver com a praticidade e abrangência: a partir do nome ou de uma foto do rótulo tirada pelo celular, o aplicativo faz a busca e f

 

Preferido por profissionais, o que leva o compartilhamento de opiniões a se posicionar num nível mais elevado, o Delectable é outro aplicativo bastante procurado, que usa a mesma tecnologia de reconhecimento dos rótulos e é, igualmente, gratuito. O grau de confiabilidade de suas avaliações aumentou ainda mais quando, em dezembro de 2016, a ferramenta foi comprada pelo grupo Vinous, comandado pelo crítico americano Antonio Galloni e que conta com uma equipe de colaboradores de primeira (www.vinous.com). O usuário pode, na sequência, comprar e receber em casa o vinho de uma das enotecas parceiras (serviço não disponível no Brasil). Por conta de sua integração com as redes sociais, esses apps têm também a vantagem de as fotos e informações pessoais postadas poderem ser compartilhadas nessas plataformas.

 

Por conta de sua integração com as redes sociais, esses apps têm também a vantagem de as fotos e informações pessoais postadas poderem ser compartilhadas nessas plataformas.

 

A despeito de algumas críticas que essas ferramentas recebem, concentradas fundamentalmente no fato de oferecerem informações um tanto básicas ou por servirem para novos ricos mostrarem o quanto e quão bem (?) estão bebendo, no fundo tais aplicativos cumprem o papel proposto pelo pioneiro, o dinamarquês Heini Zachariassen, fundador do Vivino em 2010, de ajudar quem não tem experiência no assunto e se sente perdido na hora de escolher um vinho. Ele declarou recentemente que o seu app “é para aqueles que buscam saber quais vinhos as pessoas reais gostam e não o que os críticos de vinhos indicam”.

Em todo caso, as significativas transformações que vêm ocorrendo no mundo do vinho com o advento da internetvão continuar. Robert Parker é uma demonstração dessas mudanças: sua influência se multiplicou e ganhou força na era digital com o alcance e a capacidade desse meio de fazer circular a informação tão rapidamente. A comunicação e a comercialização mudaram: as vendas on-line têm crescido bem mais rápido que nos canais tradicionais (levantamento recente do instituto de pequisas Wine Intelligence mostrou que 24% dos consumidores brasileiros compraram vinhos pela internet – na China chega a 43%), mostrando que são uma ferramenta fundamental também para atingir novos consumidores, promover marcas e, como um todo, aumentar o consumo da bebida.

Não dá mais para ficar esperando que os consumidores apareçam. Mesmo em se tratando de regiões de prestígio como Bordeaux, tida como exemplo de bom marketing. A bem da verdade, não eram os châteaux que vendiam, eram os apreciadores que compravam. Não é mais assim. Laurent Fortin, diretor-geral do Château Dauzac, por exemplo, um Grand Cru Classé de de Margaux de propriedade de uma empresa privada francesa do ramo de seguros, egresso da competitiva área de bebidas de uma multinacional do setor, tem uma visão bem “business” do mercado, sem perder de vista a qualidade e a identidade do produtoEm sua gestão, o Château saiu de uma humilde posição secundária no cenário bordalês para um lugar de destaque entre as estrelas ascendentes da região.

 

Fazendo bom uso das redes sociais, antes de viajar para promover seus rótulos no exterior, ele convida um pequeno grupo dentre os maiores e mais influentes usuários locais do Vivino para uma degustação exclusiva. A deferência tem uma resposta altamente positiva, com postagens elogiosas e de longo alcance. Para não perder o contato e fidelizar os clientes, foi criado um clube de vinhos, com programa dinâmico de ofertas, eventos e informações.