Nossa mente e as sensações provocadas em nós são marcantes, e o vinho é uma bebida sempre saboreada sob emoção intensa. Pensando no lugar aonde tomamos nossa taça, cientistas e pesquisadores da Universidade de Oxford realizaram um estudo sobre como o local, o tipo de luz e até o som podem afetar a forma como essa bebida se torna amarga ou ácida, ou mais doce para nós.

O professor coordenador do estudo, Charles Spence acredita que os resultados podem mudar a forma como as garrafas serão rotulados no futuro. Será?

Bem, ele mesmo disse ao The Sunday Telegraph, grande mídia na Inglaterra:

“Todos nós já estivemos nessa situação onde você pega uma garrafa de vinho na sua adega, em casa, com os amigos. É a mesma garrafa que você trouxe das férias, mas ao beber não está a mesma coisa, ou não passa a sensação! É claro que o vinho é ainda o mesmo. A única coisa que mudou é o seu ambiente. “

Ele acrescentou que os bebedores de vinho deve tocar música para recriar o ambiente que se vive em férias ou esperar por uma boa noite de verão.

E vai além, o tal Professor Spence vai testar a teoria em uma experiência multi-sensorial nas ruas da Espanha, no festival em Southbank no próximo mês, em Londres.

Em ‘Cor Lab’ ou numa espécie de laboratório que montará com cores, ele vai pedir aos visitantes para avaliar como o sabor do vinho muda ou não em função da luz e da música.

O experimento funcionará com pontos de luz brilhantes sobre os participantes, com sons que ´brincam’ de forma a fazê-los saborear um vinho desconhecido, disposto em um copo preto.

Um estudo realizado pela Universidade de Tübingen em 2009 descobriu que os participantes classificaram, numa degustação de vinhos, a tal bebida sendo 50% mais doce se tomada sob luz vermelha, em vez de azul ou branca.

De acordo com Arthur Azevedo, Diretor da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-SP), as sensações provocadas pelo vinho estão relacionadas aos sabores doce, salgado, ácido e amargo.

O doce é resultado da frutose e glicose, além da glicerina presentes na bebida. Todas estas substâncias são percebidas na ponta da língua, logo no início da degustação. Já o salgado é mais raro, ou apenas citado em vinhos próximos ao oceano.

Para o ácido temos os elementos da uva mesmo, como o tartárico, cítrico e málico, além dos provenientes da fermentação, e todos são percebidos nas bordas laterais da língua. Finalmente o sabor amargo é percebido no fundo da língua e é fruto de vinhos mais jovens e de boa qualidade. É proveniente do tanino e não deve ser um amargor intenso, senão há algo errado com seu vinho.

Seja como for, com ou sem os cientistas, é uma bebida com DNA a explorar e tanto nós leigos, com as adegas queridas em casa ou em férias, queremos sempre saber mais e mais sobre todos os mistérios do vinho.