Vinhos servidos ”on tap” – inovação em muitos bares internacionais
Mudanças nos estereótipos dos sommeliers pelo mundo. As londrinas parecem se destacar na profissão. Sim, Londres é a cidade considerada uma espécie de lançadora de tendências em termos do segmento vinícola.
Embora ainda tenhamos somente 29 mulheres dentre os 229 Master Sommerliers em todo mundo, a geração millennial começou a ter um interesse maior por vinhos, mesmo sendo jovens consumidores.
Alguns nomes surgem dentre as mulheres do segmento, como a veterana Laure Patry, que estudou Literatura em Yorkshire, mas começou em 2003 a atuar como sommelier aos 25 anos. Também com essa idade esta sua colega, Julia Oudill que atua no Covent Garden, tendo passado por restaurantes parisienses pontuados pelo guia Michelin.
Ambas reconhecem que o mercado mundial ainda associa a profissão à figura de senhores parienses, porém reconhecem que a partir de Londres, outras mulheres abracem a profissão.
Do outro lado do mundo, na China, a autora especializada na área, Sherry Weng, traz em seu livro, “The Wine & Culture Journey of China Silk Road”, uma imagem nunca vista acerca da província de Gansu, região produtora de vinhos locais.
Interessante notar que a região está localizada no interior do continente, mas também próxima ao deserto de Gobi. A diferença de temperaturas do dia para a noite pode ser de 9 a 15 graus Celsius, o que confere um sabor diferenciado aos vinhos de Gansu. A autora comenta que ao longo do corredor Hexi é possível conhecer não só as principais vinícolas como também a rota da seda, além de conhecer a primeira cidade chamada de “wine city” na China, em Wuwei você poderá experimentar um belo Pinot Noir.
Duas tendências em uma: As mulheres começam a ocupar o cargo de sommeliers e continentes pouco explorados do segmento, como o mercado chinês, devem ser conhecidos por quem gosta e conhece vinho.
Terceira – De acordo com o The New York Times, a geração millennials lidera a escolha de tipos de drinks que levarão vinho na receita. Em relação aos tipos de vinho mais queridos para vendas, os vinhos de mesa e o prosecco italiano levam vantagem.
Quarta – Por incrível que pareça para nós que adoramos um vinho saindo da adega, na temperatura escolhida e correta, os chamados vinhos “on tap” ou servidos em taças que recebem a bebida diretamente de barris de aço, como a cervejas ou chopps são extraídos em bares.
O novo “formato” de servir o vinho possui adeptos em bares em vários países, tudo em prol do menor gasto de água, consumo de gases na distribuição das garrafas.
Quinta – Essa tendência surge quase que como um resultado da busca pela sustentabilidade em vários tipos de indústrias. O consumidor cada vez mais quer um vinho orgânico, em que ele sinta o sabor regional sem interferências de agrotóxicos.
O engenheiro químico, fundador e proprietário da vinícola brasileira Villaggio Bassetti, que produz vinhos de plena altitude, como o Merlot e Cabernet Sauvignon (São Joaquim -SC)
Cenários no Brasil
Um consumo per capita de menos de 2 litros de vinho ao ano o Brasil, isso segundo dados de 2013, portanto nosso país é um mercado com grandes possibilidades de crescimento e os vinhos brasileiros estão começando a serem reconhecidos internacionalmente.
Há um nicho muito interessante de clientes fiéis que possuem suas adegas climatizadas, e começam a ter um comportamento ou mesmo o hábito de degustar a bebida, mesmo que não associada aos vinhos de mesa, mas sim pela marca, pelo tipo de uva inclusive.
No Brasil, a quase totalidade da produção concentra-se na região sul do país, onde, pelo fato de localização geográfica e por razões históricas a região é a meca do vinho Brasileiro.
De onde importamos mais: O Chile é o primeiro colocado com 38% do volume, seguido pelo nosso vizinho Argentina com 19.6%, (dados de 2012) os vinhos portugueses 12.3%, espanhóis 6.3% e franceses 4.5% seguem ganhando mercado, enquanto os italianos com14.6% perdem mercado por aqui. (2013).
Mas este cenário está mudando aos poucos, fabricantes adegas climatizadas que estão há mais de 10 anos no mercado, como a Art des Caves que completou 18 anos no segmento brasileiro, começam a observar mais sobre o comportamento dos jovens consumidores de vinho. A empresa lançou uma adega para 14 garrafas, indicando que se preocupa com aqueles que estão sendo iniciados na arte de usufruir de um bom vinho em casa.
De acordo com a IBRAVIM – Instituto Brasileiro do Vinho*, os consumidores nacionais ainda precisam ser conquistados por ações inovadoras e informativas por parte dos canais de venda da bebida. Em recente pesquisa, 45% dos clientes considera o vinho rosé uma bebida da moda, enquanto 62% acredita que o vinho é uma bebida tradicional, e ainda 53% percebem o espumante como uma bebida da moda também.
Resumindo nossa Sexta tendência – O Brasil precisará divulgar e criar ações em pontos de venda, varejo de forma informar melhor o seu consumidor sobre as marcas, as diferenças que ainda confundem o cliente nacional. Um nicho a ser melhor estudado e explorado é a de jovens que passam a consumir os espumantes. Trazer à tona uma nova imagem de quem são os vinhos finos nacionais. É um desafio, mas se há uma indústria de adegas climatizadas estabelecida, se há mercado, restam às marcas se comunicarem de forma clara e mais intensa com estes consumidores nacionais.
Talvez você não precise ser um connaisseur de vinho, ou grande conhecedor como diriam os franceses, mas saber mais sobre os vinhos de qualidade nacional já será um grande passo para ter sua própria adega.
Fontes: Sherry Weng é AOW Chief Wine Educator (AOW stands for Art Of Wine), vencedora do International Gourmand Award; IBRAVIN em parceria com Fondo Vitivinícola Mendoza (Argentina).