Durante séculos, a igreja foi uma das principais responsáveis pela cultura do vinho. Regiões como a Borgonha e Champagne, por exemplo, não seriam o que são hoje se não fosse pelos monges cistercienses. A relação da instituição com o vinho é tamanha que chegou a vincular os papas com a bebida para sempre em 1309, quando Clemente V (que daria nome ao consagrado Château Pape Clement, em Bordeaux) mudou a sede do papado de Roma para Avignon.

Com essa rica história dos vinhos do papas, os Châteauneuf-du-Pape. Você vai entender como as garrafas que ostentam as chaves de São Pedro se tornaram célebres no mundo todo e ainda hoje são veneradas, até mesmo por quem não é religioso. Ao final, avaliamos alguns dos melhores exemplares disponíveis no mercado brasileiro e ainda trazemos uma vertical exclusiva do ícone Château de Beaucastel.

Outro ícone retratado nesta edição é o Château Cheval Blanc, um dos produtores mais célebres do mundo e que teve seu vinho da safra de 1947 considerado o melhor do século XX. Aqui, você vai conhecer sua rica história e sua belíssima vinícola, completamente renovada em 2011.

Vinho em rituais profanos da antiguidade

VINHO EM RITUAIS PROFANOS DA ANTIGUIDADE

Podemos dizer que o vinho exerce uma espécie de canal entre nós (seres humanos) e o mundo espiritual/divino. Essa relação é mais antiga do que podemos imaginar. Isso porque, ainda na antiguidade, os gregos e romanos já cultuavam os deuses Dionísio (Grécia) e Baco (Roma) como as divindades da bebida. Além disso, tanto o vinho como as entidades eram representações de lazer, festa e luxúria.

Segundo historiadores, a embriaguez causada pelo vinho aflorava os sentidos e instigava também o sexo. Por isso, as imagens que ilustrem a adoração aos deuses sempre apresentam momentos de festa, comemoração e nudez.

A fé católica por meio do vinho

A FÉ CATÓLICA POR MEIO DO VINHO

De acordo com estudos religiosos, a bíblia chega a citar a palavra vinho cerca de 450 vezes. Isso mostra o quanto a bebida marca os rituais católicos. De um modo geral, o vinho é associado ao sangue de cristo, assim como o pão representa o corpo sagrado de Jesus.

Na Eucaristia, por exemplo, a bebida recebe o nome de vinho sacramental ou canônico e só é aceito pela igreja se estiver de acordo com uma série de restrições, incluindo o baixo percentual de álcool. Fora isso, o vinho também estava presente no primeiro milagre de Jesus: ele transformara água na bebida dos deuses.

A importância do vinho no Islamismo

A IMPORTÂNCIA DO VINHO NO ISLAMISMOEmbora o Alcorão faça referências ao vinho, o Islã segue uma linha de pensamento em que a bebida altera o estado racional do ser humano e, por isso, prega uma espécie de lei seca em relação a ela. Essa negação em relação ao vinho acontece desde o período em que Maomé era vivo (570 – 632 d.C.), onde os fieis não mediram esforços para dizimar a existência da bebida nos territórios conquistados por seu povo.

No judaísmo o vinho precisa ser Kosher

NO JUDAÍSMO O VINHO PRECISA SER KOSHERPara os judeus, o vinho faz parte do ritual Kosher – bebidas e alimentos permitidos para consumo, segundo as restrições do Tora (cinco primeiros livros do antigo testamento). Isso quer dizer que os itens liberados estão de acordo com os preceitos religiosos. Para os povos judaicos a palavra hebraica Kosher significa “bom”.

A seriedade quanto ao Tora é tanta que o que estiver de fora dessa lista é estritamente proibido para consumo, sendo necessária uma supervisão realizada pelos rabinos para comprovar se as regras estão sendo seguidas. O objetivo da restrição é mostrar que os alimentos permitidos representam união e santidade para quem os consome.

Os feriados como a Páscoa (Pessach) e o Ano Novo judaico (Rosh Hashaná), são épocas em que a procura por produtos Kosher aumenta. Nessas festividades, o vinho é ingrediente protagonista, já que a folha da videira representa um dos símbolos dos hebreus.

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